terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ciclos

Ciclos fazem parte do mundo de Perséfone. Ela está envolvida com todo o ciclo de morte e renascimento da Terra. Sendo os seres humanos parte do planeta, não uma raça fora, olhando as coisas de outra esfera, também faz parte de nossos ciclos de morte e renascimento.

Me vejo muito fazendo parte disso tudo. Em diversos níveis. Mas hoje estou escrevendo isso porque ontem ouvi o chamado de Minha Senhora.

Por conta de uma série de motivos, eu ando um pouco sem disciplina no meu trabalho espiritual. Já ensaiei voltas, não os abandonei de forma alguma, mas não estava seguindo uma sistemática de culto como acredito ser o correto. Recomecei ontem, após ter o pensamento em Perséfone o dia todo, em diversos momentos.

Não acontece, como antigamente poderia, de eu me sentir culpada. Acho que faz parte dos ciclos da vida mesmo. O fato é que, uando você inicia o caminho ao lado dos deuses, se torna ligado a eles. Eles começam a fazer muito parte de sua vida, em todos os momentos. Acho que é nesse momento em que você percebe que as coisas estão seguindo um bom caminho: quando você tem os deuses no seu dia-a-dia, não somente nos momentos em que pára tudo para cuidar do seu culto.

Mesmo assim, a sistemática de um culto é importante. Não prometa o que não pode cumprir. Se você pode acender uma vela para o seu deus, acender um incenso, ler um hino, uma vez por mês, faça. Não se comprometa a fazer toda semana. É melhor fazer as coisas com vontade, com tempo e com amor uma vez por mês do que prometer que vai fazê-lo toda semana e não conseguir cumprir.

Não estou falando em castigo dos deuses. Não acho que eles tenham tempo a perder com isso. Mas falo de laços que você estreita com a repetição. Rituais funcionam bem e se fortalecem com a repetição. Não adianta fazer as coisas sem uma sistematização, sem o mínimo de repetição. E com isso quero dizer organizar dias no mês e atividades.

Ontem eu reorganizei as minhas rotinas espirituais e me senti muito bem em fazer isso. Além de Perséfone, também presto meu culto a Zeus e Afrodite, entre outros deuses do panteão grego. Sentei com meu "Diário Espiritual" (no momento prefiro chamar assim do que de Livro das Sombras, embora o segundo nome seja muito mais estiloso, hehehe) e pensei em como reorganizar as coisas.

Porque tem isso também. Em cada momento da vida, em cada momento de suas dedicações aos deuses, essa rotina vai seguir um movimento. Não há necessidade de fazer as coisas da mesma maneira A VIDA TODA. Mesmo porque seu tempo, sua vida, seus compromissos não vão ser os mesmos a vida toda. Obviamente também não dá pra mudar todos os meses, não é? Bom senso e equilíbrio fazem muito bem nesse caso.

Os deuses não querem sacrifícios e sofrimentos. Eles querem ser amados, cuidados, cultuados. Eles gostam da convivência com os seres humanos (tem uns que não, mas isso é outra história). Organizar seu trabalho espiritual, com a dedicação que você é capaz de manter, faz os deuses felizes e abre o canal de energia e comunicação entre vocês. Pode acreditar!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Dica de Leitura - A Deusa Interior


Embora eu ache que seja um livro interessante para qualquer pessoa, acredito ser mais para mulheres que tenham como deusas patronas Atena, Afrodite, Deméter, Hera, Perséfone e Ártemis. Há que se ler com um certo senso crítico também.

Se você tem uma crença mais voltada para a Wicca, na qual a Grande Deusa tem uma série de faces, vai se achar nesse livro também. Caso você não tenha essa crença (como eu), também vale.

O livro aborda essas deusas sob um ponto de vista de arquétipos Junguianos. Eu achei muita coisa interessante mesmo sobre o arquétipo de uma pessoa regida pela energia de Perséfone e tive a oportunidade de tirar insights riquíssimos para a minha vida e o meu culto, tanto para Perséfone quando para Afrodite, outra deusa para quem eu presto culto.

É realmente necessário ignorar algumas coisas do que os autores falam a respeito das divindades ou do seu trabalho com elas, porém é muito interessante mesmo perceber como determinadas energias irradiadas pelas deusas são universais.

Para mim foi uma leitura bem interessante, por isso indico aos leitores desse blog!

Link para sinopse e compra, caso interesse, no Submarino.

Dica de link

Eu vou colocar essa dica aqui porque realmente sou fã desse blog. A mulher que o escreve, Carolina Gonzáles, trabalha com Hoodoo e orixás da América Central. Eu ADORO o trabalho dela, as coisas que ela faz e a vivência que ela tem da bruxaria. Realmente vale a pena ler: http://magickshop.wordpress.com/

Desculpem o sumiço!


Andei muito ocupada nas últimas semanas. Mas vou colocar aqui alguns highlights do que rolou de interessante e tenha validade de publicação:

- Fiz aniversário dia 18 de outubro: esse ano eu fui mais comedida nas comemorações. Não estava no clima de fazer várias festas ou coisas do tipo. Na realidade acho que não tinha assim muito o que comemorar loucamente não. Estou numa fase de semeadura, então quem sabe ano que vem tenha umas plantinhas bem bonitas para comemorar?

- Consegui achar finalmente carne orgânica: comprei na semana passada uma peça de patinho da marca "Swift Orgãnico". Posso dizer que valeu a pena, muito! É uma carne com outro gosto! Uma delícia! E também uma consistência diferente. Fiquei muito feliz em encontrar (comprei no Pão de Açúcar) e pretendo comprar sempre. Tem vários tipos de corte (comprei patinho dessa vez) e o preço é acessível (paguei R$ 16,00 o quilo). Aqui o link para a página deles na internet para você entender as vantagens de consumir orgânicos quando possível e mais dicas de consumo consciente e coisas do tipo.

- Andei saindo da toca: acho que um dos motivos de eu escrever menos foi eu ter me metido a fazer várias coisas diferentes e também conhecido pessoas novas e tudo mais. Aquelas práticas de primavera, sabe? Coisas de energia sazonal!

- Comprei um baralho cigano! Pois é, faz muitos anos que eu leio tarô, mas não profissionalmente. Mas tive uma súbita vontade de começar a ler também Baralho Cigano, pela pontualidade das informações. Pra mim o tarô acaba sendo mais filosófico e uma ferramenta de autoconhecimento. O Baralho Cigano pode falar mais de situações da vida. Comprei e começo a estudar agora em novembro.

Por enquanto, acho que é isso.


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Círio de Nazaré na Pompéia


Domingo eu tive uma daquelas experiências interessantes e fora do script. Meus pais vieram almoçar comigo e eu fui buscá-los no metrô. No meio do caminho tem a igreja Santuário de Fátima e quando passei por ali, estava acabando uma procissão. Achei estranho, porque dia de Nossa Senhora de Fátima é 13 de maio (dia do aniversário do meu pai, inclusive).

Como minha mãe é católica praticante, eu sugeri que a gente fosse na igreja ver a missa. A igreja estava LOTADA e a procissão e a cerimônia era do Cirio de Nazaré, festa que se comemora no Pará.

Durante a missa, descobrimos que o pároco da igreja cedeu o templo para um outro padre, paraense, fazer a cerimônia no mesmo dia de seus conterrâneos. E fiéis da santa e paraenses em geral foram convidados para celebrar junto. Havia barraquinhas com comidas típicas do Pará.

* Mais tarde eu adiciono uma foto que tirei.

Algumas coisas me chamaram muito a atenção nesse ritual todo. Coisas que eu acredito serem interessantes para qualquer fiel, não somente católicos:

1. Ancestralidade: o padre que celebrou a missa era o paraense (não sei o nome dele). Ele estava visivelmente feliz por poder comemorar a santa de sua devoção, no dia dela, mesmo estando tão longe de sua terra natal. Contou algumas histórias sobre o povo e sobre como essa data é importante. Explicou também sobre como as pessoas se preparam para a festa e outras coisas. Enquanto eu ouvia o sermão dele, não pude deixar de pensar na força da ancestralidade, que “contamina” e inspira as pessoas, sejam elas dessa fé ou não, devotas dessa santa especificamente, ou não.

Acho uma coisa muito forte essa ancestralidade. Fiquei pensando que, de repente, ele está inaugurando uma série de eventos, que vão acontecer todos os anos, que vão fortalecer essa egrégora e a fé das pessoas.

Desde criança eu sempre gostei muito desses rituais fortes da igreja católica. Fui criada nesse ambientes e os momentos mais fortes pra mim, os que eu mais gostava, envolviam procissões. Acredito que são manifestações de fé que movimentam muita energia de fé.

2. Irmandade: o pároco responsável pelo Santuário de Fátima abriu as portas de sua comunidade para receber uma “santa estrangeira”. Seus fieis também abriram seus corações para receber as bênçãos de Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Senhora que, de acordo com o padre, é a Mãe das Mães (conceito bem similar ao do neopaganismo em algumas figuras, como Rhea, Gaia, A Grande Mãe dos wiccanos etc). achei o gesto da comunidade muito bonito, mesmo porque foi uma festa grande, com muita gente mesmo dentro da igreja.

3. Força: penso que manifestações de fé dessa magnitude, seja em qual religião ou prática, traz uma energia que contamina quem está por perto. Olhar aquela Nossa Senhora de Fátima ENORME no centro da igreja, a Nossa Senhora de Nazaré cheia de flores e as pessoas agitando palmas (as flores) e gritando “viva Nossa Senhora!!!” foi muito bonito. É uma energia que você pode trazer com você, mesmo tendo outras crenças.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Hino órfico a Perséfone



Perséfone, abençoada filha do grande Zeus, filha única
de Deméter, venha e aceite este gracioso sacrifício.
Muito honrada esposa de Pluto, discreta e doadora da vida,
tu comandas os portões do Hades nas entranhas da terra,
Praxidikê (justiça exata) amavelmente trançada, pura flor de Deo,
mãe das Fúrias, rainha do mundo inferior,
a quem Zeus gerou em união clandestina.
Mãe do Eubouleus que tem várias formas e que ruge alto,
radiante e luminosa companheira de recreação das Estações,
augusta, toda-poderosa, rica donzela em frutos,
brilhante e de cornos, só tu és a amada dos mortais.
Na primavera tu rejubilaste nas brisas das campinas
e mostras tua figura sagrada nos brotos e frutos verdes.
Foste feita esposa de um sequestrador no outono,
e apenas tu és vida e morte para os mortais que labutam;
Ó Perséfone, pois tu sempre nutres tudo e matas tudo também.
Escutai, ó abençoada deusa, e enviai os frutos da terra.
Tu que floresces em paz, em saúde de mão suave,
e em uma vida de fartura transportas pelo ar a velha idade
em conforto até teu reino, ó rainha, e para o reino do poderoso Pluto.

(tradução da Álex, do Reconstrucionismo Helênico no Brasil)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Primavera!


 Estive fora uns dias de férias. É uma delícia passar alguns dias longe de tudo o que você está acostumado. Além de ser super divertido, claro!

A questão é que hoje é o primeiro dia de primavera. Dia que Perséfone volta do Hades para viver seu tempo na superfície. Sempre achei muito bonita a simbologia: na primavera, a seca acaba, começa a chover. A chuva fertiliza a terra e então a semente brota. Perséfone, filha de Zeus e Deméter.


Tem toda a história. A que atrela tanto Perséfone à mãe, Deméter, quanto ao marido, Hades. Cada um em um momento do ano. Mas acredito que podemos pensar um pouco na deusa em si mesma. Em sua energia de vida e morte, de morte na vida e de vida na morte.

Acredito que Perséfone seja difícil de se explicar. Também a energia que ela comanda. É uma deusa muito delicada e com um domínio essencial. Mas acredito (e são minhas crenças mesmo, não estou aqui nesse post escrevendo baseada em dados históricos e mitológicos) que seja assim a energia que gera vida: delicada, infinita, em constante transformação.


Em toda a natureza, os ciclos de vida e morte se fundem, como o símbolo do infinito, onde começa um, termina o outro, que recomeça tudo novamente. Pode uma planta e logo ela estará dando brotos onde você tirou uma parte morta dela. Deixe as folhas do outono na terra do jardim e logo essas folhas se tornam o alimento da terra, que alimenta a árvore, que produz mais folhas, tudo num movimento infinito de criação e destruição.


Como diz o Hino Órfico a Perséfone: apenas tu és vida e morte para os mortais que labutam,
Ó Perséfone, pois tu sempre nutres tudo e matas tudo também
(tradução desse hino é da Alex, do Reconstrucionismo Helênico no Brasil)

Com os seres humanos é a mesma coisa, visto que nós também fazemos parte da natureza (dãããã). Por isso Perséfone é, pra mim, uma peça fundamental para os processos de morte e renascimento de todos os seres que habitam esse planeta.


E nesse momento do ano, ela sai da terra, resplandescente, linda, trazendo sua energia de renovação para a vida fora do nosso interior. Pra mim, é o momento do devoto de Perséfone utilizar a energia que emana da deusa para realizar tudo aquilo que ficou internalizando durante o período frio do ano. Nesse momento, com a presença de Deméter, que será a grande força da nossa colheita, mais pra frente.

É o momento Luz!

Desejo que todos aproveitem muito a primavera!

* as fotos deste post foram tiradas por mim em Buenos Aires.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Oferendas


Ando pensando muito em oferendas.

Em minha prática, eu costumo oferendar os deuses. Acho que é uma coisa comum entre os neopagãos. Já tive contato com algumas maneiras de se fazer isso:
  • Cozinhar a mesma comida que a “comunidade” vai apreciar e tirar uma parte para a divindade – nesse item teria a possibilidade de “entregar”, ou seja, pegar essa parte e deixar em algum lugar na natureza que tenha a ver com a divindade oferendada ou comer tudo depois de deixado um tempo no altar;
  • Cozinhar uma comida somente para a divindade, em homenagem a ela, e entregar.
O que estava muito na minha cabeça nos últimos tempos era: será que pega bem com uma divindade você fazer uma comida toda caprichada e jogar fora? E, acho que tão importante quanto, como eu, devota que vai fazer a oferenda, vejo isso?

Devo dizer que me incomoda deixar comida na rua. Claro que um pouco é uma coisa, mas e quando é um monte? E quando eu coloco na natureza uma comida, pensando claro que um animal pode ir lá e comer, que responsabilidade eu devo ter para com esse animal, em termos de como eu tempero essa comida, o que coloco ali de “acessório” de oferenda etc. que possa machucar ou prejudicar esse animal de alguma maneira?

Se eu fosse fazer uma oferenda com produtos, ao invés de comida, será que deveria “despachar” ou dar esses produtos de presente para pessoas que não têm possibilidade de comprá-los?

Então eu consegui fechar um conceito, com a ajuda tanto da Carol, do Cucina Stregha, vendo alguns exemplos do que ela faz, e também com um link que a Inês, do Cerealia, postou na semana passada, e com as coisas que eu acredito serem bacanas para oferendas aos deuses. Não tenho ainda nenhum exemplo, porque não coloquei em prática em ritual, coisa que só agora no Equinócio vou fazer.

Mas o conceito já fechei. Pra mim, funciona bem assim:
  • Posso fazer tanto uma comida especial para a divindade quanto fazer algo para dividir com os presentes no banquete (mesmo que seja somente eu, por exemplo). Isso acredito que depende da divindade mesmo, alguns são mais afeitos a exclusividade, outros são mais pelo coletivo, digamos assim. E se um dia eu fizer uma perna de carneiro, aí a gente divide, né?
  • Ao fazer uma comida especial, fazer uma porção pequena, assim como a porção da oferenda que será dividida também deve ser pequena;
  • Quando entregar, pensar no que estou deixando na natureza, tanto no que se refere ao que um animal pode comer e passar mal, ou mesmo um ser humano, visto que temos tantas pessoas que andam pelas ruas, sem casa e com fome. Além disso, pensar no que pode cortar, machucar e poluir além da conta;
  • Quando a oferenda tiver produtos, doá-los a pessoas queridas ou pessoas que conheço e que não poderiam comprar aquele objeto, ou produto de beleza, etc.
  • Reciclar oferendas também parece interessante, como eu vi no blog http://magickshop.wordpress.com/2011/07/25/nothing-goes-to-waste/, no qual a proprietária mostra como fez biscoitos para os passarinhos com algumas oferendas e incensos com outras;
  • Pensar em oferendas mais naturais, que possam ser deixadas e aproveitadas pelos passarinhos, como frutas, vegetais, legumes...
Fiquei satisfeita com essa maneira de trabalhar oferendas. Acho que se a gente faz esse tipo de ato de culto a uma divindade da maneira como se sente melhor, vai alcançar inclusive melhores resultados no que se tange à ligação entre devoto e devotado, digamos assim.

domingo, 4 de setembro de 2011

Acredito que seja um bom momento para começar a escrever por aqui. Em poucas semanas, a primavera desabrochará no que muita gente chama Roda do Ano. O equinócio de primavera marca a volta de Perséfone do submundo, do tempo em que habitou o mundo avernal grego com seu consorte, Hades.

Ao lidar com a energia de Perséfone, nos últimos quatro anos, eu tenho sentido sempre esse pulsar quando setembro chega. É como se eu também estivesse saindo de dentro da terra. Tenho mais vontade de sair de casa, minha cabeça começa a fazer planos, eu me torno mais comunicativa...

Então nada melhor que começar essa conversa no mês de setembro. Mesmo porque quem sabe o que vai acontecer quando o outono chegar, não é?

;)

Começando





Estou nesse caminho espiritual neopagão há um tempo. Tenho Perséfone como divindade patrona. Começo esse blog para trocar experiências e contar um pouco do meu dia-a-dia nesse caminho.