sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Primavera!


 Estive fora uns dias de férias. É uma delícia passar alguns dias longe de tudo o que você está acostumado. Além de ser super divertido, claro!

A questão é que hoje é o primeiro dia de primavera. Dia que Perséfone volta do Hades para viver seu tempo na superfície. Sempre achei muito bonita a simbologia: na primavera, a seca acaba, começa a chover. A chuva fertiliza a terra e então a semente brota. Perséfone, filha de Zeus e Deméter.


Tem toda a história. A que atrela tanto Perséfone à mãe, Deméter, quanto ao marido, Hades. Cada um em um momento do ano. Mas acredito que podemos pensar um pouco na deusa em si mesma. Em sua energia de vida e morte, de morte na vida e de vida na morte.

Acredito que Perséfone seja difícil de se explicar. Também a energia que ela comanda. É uma deusa muito delicada e com um domínio essencial. Mas acredito (e são minhas crenças mesmo, não estou aqui nesse post escrevendo baseada em dados históricos e mitológicos) que seja assim a energia que gera vida: delicada, infinita, em constante transformação.


Em toda a natureza, os ciclos de vida e morte se fundem, como o símbolo do infinito, onde começa um, termina o outro, que recomeça tudo novamente. Pode uma planta e logo ela estará dando brotos onde você tirou uma parte morta dela. Deixe as folhas do outono na terra do jardim e logo essas folhas se tornam o alimento da terra, que alimenta a árvore, que produz mais folhas, tudo num movimento infinito de criação e destruição.


Como diz o Hino Órfico a Perséfone: apenas tu és vida e morte para os mortais que labutam,
Ó Perséfone, pois tu sempre nutres tudo e matas tudo também
(tradução desse hino é da Alex, do Reconstrucionismo Helênico no Brasil)

Com os seres humanos é a mesma coisa, visto que nós também fazemos parte da natureza (dãããã). Por isso Perséfone é, pra mim, uma peça fundamental para os processos de morte e renascimento de todos os seres que habitam esse planeta.


E nesse momento do ano, ela sai da terra, resplandescente, linda, trazendo sua energia de renovação para a vida fora do nosso interior. Pra mim, é o momento do devoto de Perséfone utilizar a energia que emana da deusa para realizar tudo aquilo que ficou internalizando durante o período frio do ano. Nesse momento, com a presença de Deméter, que será a grande força da nossa colheita, mais pra frente.

É o momento Luz!

Desejo que todos aproveitem muito a primavera!

* as fotos deste post foram tiradas por mim em Buenos Aires.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Oferendas


Ando pensando muito em oferendas.

Em minha prática, eu costumo oferendar os deuses. Acho que é uma coisa comum entre os neopagãos. Já tive contato com algumas maneiras de se fazer isso:
  • Cozinhar a mesma comida que a “comunidade” vai apreciar e tirar uma parte para a divindade – nesse item teria a possibilidade de “entregar”, ou seja, pegar essa parte e deixar em algum lugar na natureza que tenha a ver com a divindade oferendada ou comer tudo depois de deixado um tempo no altar;
  • Cozinhar uma comida somente para a divindade, em homenagem a ela, e entregar.
O que estava muito na minha cabeça nos últimos tempos era: será que pega bem com uma divindade você fazer uma comida toda caprichada e jogar fora? E, acho que tão importante quanto, como eu, devota que vai fazer a oferenda, vejo isso?

Devo dizer que me incomoda deixar comida na rua. Claro que um pouco é uma coisa, mas e quando é um monte? E quando eu coloco na natureza uma comida, pensando claro que um animal pode ir lá e comer, que responsabilidade eu devo ter para com esse animal, em termos de como eu tempero essa comida, o que coloco ali de “acessório” de oferenda etc. que possa machucar ou prejudicar esse animal de alguma maneira?

Se eu fosse fazer uma oferenda com produtos, ao invés de comida, será que deveria “despachar” ou dar esses produtos de presente para pessoas que não têm possibilidade de comprá-los?

Então eu consegui fechar um conceito, com a ajuda tanto da Carol, do Cucina Stregha, vendo alguns exemplos do que ela faz, e também com um link que a Inês, do Cerealia, postou na semana passada, e com as coisas que eu acredito serem bacanas para oferendas aos deuses. Não tenho ainda nenhum exemplo, porque não coloquei em prática em ritual, coisa que só agora no Equinócio vou fazer.

Mas o conceito já fechei. Pra mim, funciona bem assim:
  • Posso fazer tanto uma comida especial para a divindade quanto fazer algo para dividir com os presentes no banquete (mesmo que seja somente eu, por exemplo). Isso acredito que depende da divindade mesmo, alguns são mais afeitos a exclusividade, outros são mais pelo coletivo, digamos assim. E se um dia eu fizer uma perna de carneiro, aí a gente divide, né?
  • Ao fazer uma comida especial, fazer uma porção pequena, assim como a porção da oferenda que será dividida também deve ser pequena;
  • Quando entregar, pensar no que estou deixando na natureza, tanto no que se refere ao que um animal pode comer e passar mal, ou mesmo um ser humano, visto que temos tantas pessoas que andam pelas ruas, sem casa e com fome. Além disso, pensar no que pode cortar, machucar e poluir além da conta;
  • Quando a oferenda tiver produtos, doá-los a pessoas queridas ou pessoas que conheço e que não poderiam comprar aquele objeto, ou produto de beleza, etc.
  • Reciclar oferendas também parece interessante, como eu vi no blog http://magickshop.wordpress.com/2011/07/25/nothing-goes-to-waste/, no qual a proprietária mostra como fez biscoitos para os passarinhos com algumas oferendas e incensos com outras;
  • Pensar em oferendas mais naturais, que possam ser deixadas e aproveitadas pelos passarinhos, como frutas, vegetais, legumes...
Fiquei satisfeita com essa maneira de trabalhar oferendas. Acho que se a gente faz esse tipo de ato de culto a uma divindade da maneira como se sente melhor, vai alcançar inclusive melhores resultados no que se tange à ligação entre devoto e devotado, digamos assim.

domingo, 4 de setembro de 2011

Acredito que seja um bom momento para começar a escrever por aqui. Em poucas semanas, a primavera desabrochará no que muita gente chama Roda do Ano. O equinócio de primavera marca a volta de Perséfone do submundo, do tempo em que habitou o mundo avernal grego com seu consorte, Hades.

Ao lidar com a energia de Perséfone, nos últimos quatro anos, eu tenho sentido sempre esse pulsar quando setembro chega. É como se eu também estivesse saindo de dentro da terra. Tenho mais vontade de sair de casa, minha cabeça começa a fazer planos, eu me torno mais comunicativa...

Então nada melhor que começar essa conversa no mês de setembro. Mesmo porque quem sabe o que vai acontecer quando o outono chegar, não é?

;)

Começando





Estou nesse caminho espiritual neopagão há um tempo. Tenho Perséfone como divindade patrona. Começo esse blog para trocar experiências e contar um pouco do meu dia-a-dia nesse caminho.