Domingo eu tive uma daquelas experiências interessantes e fora do script. Meus pais vieram almoçar comigo e eu fui buscá-los no metrô. No meio do caminho tem a igreja Santuário de Fátima e quando passei por ali, estava acabando uma procissão. Achei estranho, porque dia de Nossa Senhora de Fátima é 13 de maio (dia do aniversário do meu pai, inclusive).
Como minha mãe é católica praticante, eu sugeri que a gente fosse na igreja ver a missa. A igreja estava LOTADA e a procissão e a cerimônia era do Cirio de Nazaré, festa que se comemora no Pará.
Durante a missa, descobrimos que o pároco da igreja cedeu o templo para um outro padre, paraense, fazer a cerimônia no mesmo dia de seus conterrâneos. E fiéis da santa e paraenses em geral foram convidados para celebrar junto. Havia barraquinhas com comidas típicas do Pará.
* Mais tarde eu adiciono uma foto que tirei.
Algumas coisas me chamaram muito a atenção nesse ritual todo. Coisas que eu acredito serem interessantes para qualquer fiel, não somente católicos:
1. Ancestralidade: o padre que celebrou a missa era o paraense (não sei o nome dele). Ele estava visivelmente feliz por poder comemorar a santa de sua devoção, no dia dela, mesmo estando tão longe de sua terra natal. Contou algumas histórias sobre o povo e sobre como essa data é importante. Explicou também sobre como as pessoas se preparam para a festa e outras coisas. Enquanto eu ouvia o sermão dele, não pude deixar de pensar na força da ancestralidade, que “contamina” e inspira as pessoas, sejam elas dessa fé ou não, devotas dessa santa especificamente, ou não.
Acho uma coisa muito forte essa ancestralidade. Fiquei pensando que, de repente, ele está inaugurando uma série de eventos, que vão acontecer todos os anos, que vão fortalecer essa egrégora e a fé das pessoas.
Desde criança eu sempre gostei muito desses rituais fortes da igreja católica. Fui criada nesse ambientes e os momentos mais fortes pra mim, os que eu mais gostava, envolviam procissões. Acredito que são manifestações de fé que movimentam muita energia de fé.
2. Irmandade: o pároco responsável pelo Santuário de Fátima abriu as portas de sua comunidade para receber uma “santa estrangeira”. Seus fieis também abriram seus corações para receber as bênçãos de Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Senhora que, de acordo com o padre, é a Mãe das Mães (conceito bem similar ao do neopaganismo em algumas figuras, como Rhea, Gaia, A Grande Mãe dos wiccanos etc). achei o gesto da comunidade muito bonito, mesmo porque foi uma festa grande, com muita gente mesmo dentro da igreja.
3. Força: penso que manifestações de fé dessa magnitude, seja em qual religião ou prática, traz uma energia que contamina quem está por perto. Olhar aquela Nossa Senhora de Fátima ENORME no centro da igreja, a Nossa Senhora de Nazaré cheia de flores e as pessoas agitando palmas (as flores) e gritando “viva Nossa Senhora!!!” foi muito bonito. É uma energia que você pode trazer com você, mesmo tendo outras crenças.