terça-feira, 6 de setembro de 2011

Oferendas


Ando pensando muito em oferendas.

Em minha prática, eu costumo oferendar os deuses. Acho que é uma coisa comum entre os neopagãos. Já tive contato com algumas maneiras de se fazer isso:
  • Cozinhar a mesma comida que a “comunidade” vai apreciar e tirar uma parte para a divindade – nesse item teria a possibilidade de “entregar”, ou seja, pegar essa parte e deixar em algum lugar na natureza que tenha a ver com a divindade oferendada ou comer tudo depois de deixado um tempo no altar;
  • Cozinhar uma comida somente para a divindade, em homenagem a ela, e entregar.
O que estava muito na minha cabeça nos últimos tempos era: será que pega bem com uma divindade você fazer uma comida toda caprichada e jogar fora? E, acho que tão importante quanto, como eu, devota que vai fazer a oferenda, vejo isso?

Devo dizer que me incomoda deixar comida na rua. Claro que um pouco é uma coisa, mas e quando é um monte? E quando eu coloco na natureza uma comida, pensando claro que um animal pode ir lá e comer, que responsabilidade eu devo ter para com esse animal, em termos de como eu tempero essa comida, o que coloco ali de “acessório” de oferenda etc. que possa machucar ou prejudicar esse animal de alguma maneira?

Se eu fosse fazer uma oferenda com produtos, ao invés de comida, será que deveria “despachar” ou dar esses produtos de presente para pessoas que não têm possibilidade de comprá-los?

Então eu consegui fechar um conceito, com a ajuda tanto da Carol, do Cucina Stregha, vendo alguns exemplos do que ela faz, e também com um link que a Inês, do Cerealia, postou na semana passada, e com as coisas que eu acredito serem bacanas para oferendas aos deuses. Não tenho ainda nenhum exemplo, porque não coloquei em prática em ritual, coisa que só agora no Equinócio vou fazer.

Mas o conceito já fechei. Pra mim, funciona bem assim:
  • Posso fazer tanto uma comida especial para a divindade quanto fazer algo para dividir com os presentes no banquete (mesmo que seja somente eu, por exemplo). Isso acredito que depende da divindade mesmo, alguns são mais afeitos a exclusividade, outros são mais pelo coletivo, digamos assim. E se um dia eu fizer uma perna de carneiro, aí a gente divide, né?
  • Ao fazer uma comida especial, fazer uma porção pequena, assim como a porção da oferenda que será dividida também deve ser pequena;
  • Quando entregar, pensar no que estou deixando na natureza, tanto no que se refere ao que um animal pode comer e passar mal, ou mesmo um ser humano, visto que temos tantas pessoas que andam pelas ruas, sem casa e com fome. Além disso, pensar no que pode cortar, machucar e poluir além da conta;
  • Quando a oferenda tiver produtos, doá-los a pessoas queridas ou pessoas que conheço e que não poderiam comprar aquele objeto, ou produto de beleza, etc.
  • Reciclar oferendas também parece interessante, como eu vi no blog http://magickshop.wordpress.com/2011/07/25/nothing-goes-to-waste/, no qual a proprietária mostra como fez biscoitos para os passarinhos com algumas oferendas e incensos com outras;
  • Pensar em oferendas mais naturais, que possam ser deixadas e aproveitadas pelos passarinhos, como frutas, vegetais, legumes...
Fiquei satisfeita com essa maneira de trabalhar oferendas. Acho que se a gente faz esse tipo de ato de culto a uma divindade da maneira como se sente melhor, vai alcançar inclusive melhores resultados no que se tange à ligação entre devoto e devotado, digamos assim.

2 comentários:

  1. Engraçado que aqui do outro lado do mediterrâneo,nós fazemos a mesma coisa,exatamente igual ,nós comemos com os deuses isso significa que nós comemos toda a oferenda,ou dividimos com alguem.Acho que pelo fato de aqui ser um baita deserto ou por se dar graças ao Nilo que nunca,nunca,nunca se joga comida fora.A agua eu até divido com meus cães...e frutas tb. Como diz minha mãe:cada povo com seu uso,cada roca com seu fuso.Acho isso lindo,lindo!

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