segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Círio de Nazaré na Pompéia


Domingo eu tive uma daquelas experiências interessantes e fora do script. Meus pais vieram almoçar comigo e eu fui buscá-los no metrô. No meio do caminho tem a igreja Santuário de Fátima e quando passei por ali, estava acabando uma procissão. Achei estranho, porque dia de Nossa Senhora de Fátima é 13 de maio (dia do aniversário do meu pai, inclusive).

Como minha mãe é católica praticante, eu sugeri que a gente fosse na igreja ver a missa. A igreja estava LOTADA e a procissão e a cerimônia era do Cirio de Nazaré, festa que se comemora no Pará.

Durante a missa, descobrimos que o pároco da igreja cedeu o templo para um outro padre, paraense, fazer a cerimônia no mesmo dia de seus conterrâneos. E fiéis da santa e paraenses em geral foram convidados para celebrar junto. Havia barraquinhas com comidas típicas do Pará.

* Mais tarde eu adiciono uma foto que tirei.

Algumas coisas me chamaram muito a atenção nesse ritual todo. Coisas que eu acredito serem interessantes para qualquer fiel, não somente católicos:

1. Ancestralidade: o padre que celebrou a missa era o paraense (não sei o nome dele). Ele estava visivelmente feliz por poder comemorar a santa de sua devoção, no dia dela, mesmo estando tão longe de sua terra natal. Contou algumas histórias sobre o povo e sobre como essa data é importante. Explicou também sobre como as pessoas se preparam para a festa e outras coisas. Enquanto eu ouvia o sermão dele, não pude deixar de pensar na força da ancestralidade, que “contamina” e inspira as pessoas, sejam elas dessa fé ou não, devotas dessa santa especificamente, ou não.

Acho uma coisa muito forte essa ancestralidade. Fiquei pensando que, de repente, ele está inaugurando uma série de eventos, que vão acontecer todos os anos, que vão fortalecer essa egrégora e a fé das pessoas.

Desde criança eu sempre gostei muito desses rituais fortes da igreja católica. Fui criada nesse ambientes e os momentos mais fortes pra mim, os que eu mais gostava, envolviam procissões. Acredito que são manifestações de fé que movimentam muita energia de fé.

2. Irmandade: o pároco responsável pelo Santuário de Fátima abriu as portas de sua comunidade para receber uma “santa estrangeira”. Seus fieis também abriram seus corações para receber as bênçãos de Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Senhora que, de acordo com o padre, é a Mãe das Mães (conceito bem similar ao do neopaganismo em algumas figuras, como Rhea, Gaia, A Grande Mãe dos wiccanos etc). achei o gesto da comunidade muito bonito, mesmo porque foi uma festa grande, com muita gente mesmo dentro da igreja.

3. Força: penso que manifestações de fé dessa magnitude, seja em qual religião ou prática, traz uma energia que contamina quem está por perto. Olhar aquela Nossa Senhora de Fátima ENORME no centro da igreja, a Nossa Senhora de Nazaré cheia de flores e as pessoas agitando palmas (as flores) e gritando “viva Nossa Senhora!!!” foi muito bonito. É uma energia que você pode trazer com você, mesmo tendo outras crenças.

6 comentários:

  1. Sou devota de Nossa Senhora de Fátima, ela como outras Santas, são Deusas também! O momento da celebração no ritual catolico e realmente lindo! :) Fico muito feliz em saber que você pode sentir essas sensações, emoções e inspirações!!! Isso sim é mágia! :)
    E dia 13 de maio do ano que vem..vc não escapa!!! Vai acompanhar a procissão comigo!!! Um beijo de quem te adora..Agatha =^.^=

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  2. Linda, realmente Nossa Senhora é uma Deusa Mãe, é a Santa Principal dos católicos que Encarna e Carrega Vários Títulos de Deusas Mais Antigas que Ela como Rainha dos Céus,Rainha do Paraíso,Rainha dos Anjos(Agathos Daimones,Bons Espíritos) e Nossa Senhora das Graças.Eu sou devoto de Nossa Senhora de Lourdes,Nossa Senhora da Boa Morte,Nossa Senhora Desatadora dos nós,Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora Aparecida(12 de Outubro dia Dela)!De qualquer forma a Virgem Maria é uma Deusa mesmo que os católicos não saibam e não A vejam como tal.E eu como todo bom helênico também respeito o Sagrado, inclusive o que é Sagrado para os outros.E tb tive uma educação familiar bem católica.O mais importante é saber reconhecer o que é Divino/a, sentir essa Inspiração não tem preço está além de rótulos e preconceitos.=)

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  3. Não tem jeito, somos e fomos criados num pais de maioria católica. Salvo algumas exceções, acho que todos nós temos uma veia que nos liga ao catolicismo, ainda que de forma ancestral.

    Para mim, ancestralidade significa resgatar e reverenciar, de tempos em tempos, aquilo que, de algum modo, marca o que fomos e ainda somos. E, seu relato é um belo depoimento disso... por sua mãe, pela Sta Fátima, pelas procissões.

    Eu sempre tive um carinho pelas procissões tb. Tenho boas e fortes memórias de criança de ir nas procissões da Sexta-Feira da Paixão, com minha mãe, minha tia e meu primo. Independente da razão católica, uma procissão é nada mais, nada menos do que um cortejo... Uma caminhada de vigília e oração. Uma experiência de fé realmente muito forte, de uma magia incrível... Tal como vemos entre as Benedicárias (stregas católicas)

    Pelo menos é assim pra mim tb, como no último feriado, que fui na igreja de Nossa Senhora Aparecida. Meu casamento, na igreja de Sto Antônio. E minha história com Sto Expedito.

    Isso, para não falar tantas festas católicas (como a Festa de São Benedito, a Festa do Divino) que, sobretudo, são também festas populares, de tradição regional. Um modo bonito de brasilidade que faz referência a nossa ancestralidade local. =D

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  4. pois é. e vou um pouco além dessa ancestralidade, que eu acho super válida e que tem muito a ver mesmo. é uma energia forte, não tem jeito.

    acho que a coisa dos escravos, que rezavam pras imagens dos santos católicos e na verdade estavam elevando suas preces para os orixás, é uma coisa interessante também.

    geralmente, quando eu rezo o "pai nosso", penso em Zeus. e quando rezo "ave Maria", penso em Perséfone. é uma maneira de eu levar os meus pra onde quer que eu esteja.

    sempre no maior respeito com o ambiente onde estou, claro.

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