quarta-feira, 4 de junho de 2014

Por uma vida mais sustentável

Esses dias me peguei pensando muito no meu papel no mundo. Aquele momento da vida, clássico, que você se pergunta o que vai deixar de interessante no mundo quando se for. Qual será minha marca? A probabilidade de eu ter filhos é pequena, não acho que acontecerá mais nessa vida. Então esse legado eu não vou deixar. Não deixarei nenhum?

Questões complicadas que abrem diversas possibilidades. A serem estudadas.

Mas com esse pensamento veio um momento de avaliação da minha presença no mundo. Como ser humano, sei que deixo marcas no meu ambiente. Interajo. Nem sempre de maneira saudável. A nossa presença no planeta é indiscutivelmente invasiva.

Quando penso sobre como ter uma presença menos violenta, penso nas possibilidades... acabo sofrendo um pouco, porque não parece que exista muitas maneiras de continuar existindo como acredito e quero e ser uma pessoa sustentável.

Se eu me torno vegetariana, porque a questão do sofrimento animal me incomoda demais, e continuo consumindo derivados de leite e ovos, estou causando sofrimento igual ou pior – extração de ambos é geralmente
dolorosa e desumana. Veganismo é uma opção louvável, mas muito distante da minha realidade e possibilidades. Outras maneiras ainda mais radicais estão fora de questão.

Como boa libriana, com um tantinho de Apolo no meio, andei pensando de que o melhor caminho é o do meio. Que talvez para mim, para que eu me sinta bem em como eu existo nesse mundo – que é o primeiro ponto a pensar quando penso em qual será minha marca – seja trilhar o caminho do consumo responsável.

Consumo responsável significa ponderar cada escolha de compra: PRECISO DISSO? PRECISO NESSA QUANTIDADE? O que eu vou comprar está mais barato do que os demais itens porque houve exploração em sua manufatura? VOU REALMENTE USAR/COMER? Há sofrimento animal envolvido? Testes desnecessários? Posso escolher consumir/comprar de pequenos produtores e não de grandes corporações? Meu corpo vai ser beneficiado com o consumo desse produto? Posso lidar com tudo isso ou pelo menos com uma parte desses questionamentos? Não posso cuidar de tudo e não interferir, mas posso colaborar com um tanto? Qual é o meu quinhão?

Acho que não é fácil, como não é fácil mesmo mudar hábitos. Mas também não é impossível. Não consumo mais há tempos alguns produtos cosméticos que testam em animais. É uma escolha. Nem sempre você paga mais por isso, mas muitas vezes a escolha é por um produto mais simples. Mas não tenho tido problemas com isso. Então acho que é um bom caminho.


Vamos ver como esse caminho se desvela.

Um comentário:

  1. Muito interessante sua reflexão. Principalmente porque apontou o caminho do meio que eu também prefiro. Consumo sim, porque dele somos reféns nessa civilização... Fato! Ir contracorrente, como você mesmo falou, é muito louvável, mas muitas vezes muito distante de nossas possibilidades. Portanto, aceitar nossos limites e limitações é o primeiro passo para mudar os fatos. Isto posto, pensar nos MODOS operantes para o exercício dessas condições. Consumo responsável: tornar-se autoral, consciente das nossas escolhas. Pensar no que fazemos, como fazemos, por que fazemos... E a partir dai, pensar nas alternativas e caminhos disponíveis.

    Sim, não é fácil... Mas também acho que não é impossível! Nessa luta, acho que o mais interessante é o trabalho de conscientização, de empoderamento de nossas ações e interações. Sensacional!! Pública mais sobre esse caminhos. As alternativas sustentáveis e o fomento de mais debates para encontrar opções. Beijocas!

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